As empresas familiares representam uma percentagem crítica do tecido empresarial nacional. No entanto, a pesquisa da Boyden aponta ameaças à sobrevivência e legado das empresas desta tipologia, relacionadas com dinâmicas de sucessão de liderança e motivadas pela ausência de planos equacionados para este contexto. Face a desafios internos, a visão deve estender-se ao exterior da organização e integrar liderança independente com valores e objetivos estratégicos.
 

Dados: Associação das Empresas Familiares

By Nuno Freitas

Lisboa, 16 de abril de 2018 – A ausência de uma estratégia para lidar com a sucessão de liderança no contexto das empresas familiares ameaça uma percentagem de organizações que corresponde entre 70% e 80% do tecido empresarial nacional e responsável por 50% do emprego e 60% do Produto Interno Bruto. Os desafios identificados para esta tipologia de empresas é o foco do Special Report desenvolvido pela Boyden, uma publicação internacional que reúne os pontos de vista de Partners da consultora, gestores e especialistas sobre boas práticas de liderança e gestão de talento.

Para Nuno Freitas, Principal da Boyden Global Executive Search Portugal, “apesar de várias empresas de cariz familiar oferecerem condições salariais e outras contrapartidas atrativas, muitas enfrentam desafios relevantes chegado o momento de planear a sucessão da sua liderança. Com fundadores não raras vezes relutantes em renunciar ao controlo da operação e gerações seguintes incapazes de assumir uma maior responsabilidade neste contexto, a transferência de liderança pode facilmente tornar-se contenciosa. Em resultado, as organizações são expostas a tensões e fraturas, que ameaçam as suas marcas, a sua longevidade e, em última análise, o seu legado. Planear e não ter receio de integrar profissionais oriundos do exterior afigura-se crucial”.

A integração de membros independentes na gestão das organizações é apontada no relatório da Boyden como uma garantia para possibilitar à gestão manter um foco na visão e metas definidas para a empresa, assegurando que o processo de transição decorre de modo mais objetivo e metódico. A presença de membros independentes no Board de uma organização constitui um fator de profissionalização do negócio, ao possibilitar aumentar o nível de confiança e de prestação de contas e a introdução de ideias originais e boas práticas sustentadas na experiência externa e no contacto com contextos diversificados.

Face à integração de elementos de controlo externos os especialistas ouvidos pela Boyden ressalvam, contudo, a necessidade de reter os valores-chave idealizados no momento de fundação da empresa. Para que tal aconteça, as características, composição, dimensão e nuances de um Conselho de Administração com membros independentes devem ser equacionadas cuidadosamente. Estes membros devem, a título individual e coletivo, conseguir responder às necessidades atuais e esperadas do ambiente de negócio e a sua perspicácia deve coincidir com uma apreciação pela dinâmica familiar.

A contrapartida deste processo, que exige uma consideração meticulosa, é a de possibilitar às empresas familiares poderem atuar com renovada eficiência e alcançar um sucesso acrescido a longo-prazo. Quer processos diários, quer decisões estratégicas são assim enriquecidos por um nível acrescido de discernimento, objetividade e previsibilidade, assegurando o legado para gerações futuras.

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